Powered By Blogger

sábado, 28 de julho de 2012

Conto de Mistério




Gustavo acordou tarde da noite, seus olhos cansados que clamavam por um descanso estavam semicerrados, tentando se acostumar com a luz. Luz? Que luz? Ele se lembrava quando deslizou pelo quarto e apertara de leve o interruptor e tudo ficou escuro. Mas agora que se levantou, percebeu que a luz não vinha de sua própria casa, mas sim, escapava pelas brechas da cortina e inundava seus aposentos. Alguns feixes irregulares de luz dançavam criando sombras nas paredes.
Agora que a luz iluminava e podia se deparar com o espelho fixado na parede: sua aparência era deplorável, embora calma. Tinha várias camadas de pele embaixo dos olhos, cobertas de roxo, e os cabelos, que outrora já foram loiros, adquiriram um tom de branco cada vez mais frequente, demonstrando seus cinquenta e tantos anos.
Estava mais acordado e atento e por isso já conseguia ouvir conversas: conversas altas, risadas escandalosas e uma música horrível.
— Silencio!
Ele berrou. As conversas pararam, as risadas calaram-se e a música cessou. Também a luz se apagou e tudo ficou em silencio. Satisfeito, Gustavo voltou para as agradáveis dobras de suas cobertas.
De repente, a luz acendeu, as conversas e risadas voltaram e a música recomeçou. Gustavo ficou vermelho de raiva.
“Vou ter que falar pessoalmente com o vizinho!”
Livrou-se das cobertas e disparou para a porta. Estava fora quando tudo cessou novamente. Já tinha meio caminho andado e decidiu não voltar. Abriu o portão do vizinho e separou as mãos para bater palmas quando a luz acendeu e todos gritaram:
— Surpresa!
Então ele se deu conta de que estava tão cansado que acabou esquecendo do próprio aniversario.