Arrumei-me, peguei um taxi e fui para o Aeroporto. Do apartamento até lá não era muito tempo, mas logo de manhã o transito estava ruim.
Cheguei quase na hora do vôo e apressei-me em embarcar.
Estava confortável na poltrona lendo O Homem Que Calculava quando chegou uma moça com um garotinho que não podia ter mais do que seis anos, e supus que era filho dela, Desanimado, olhei para trás e vi que tinha apenas mais uma poltrona e a moça já corria ao encontro da amiga que estava algumas filas longe, restando então, apenas a poltrona ao meu lado, a qual o garoto tratou de ocupar:
— Como você se chama, moço?
Ele me perguntou
— Ricardo.
Respondi sem tirar os olhos do livro.
— E você?
Perguntei-lhe por educação.
— Me chamo Matheus.
Uma onda de desespero me percorreu: todos sabem que os “Matheus” costumam ser muito serelepes, e, se esse também for, minha viagem não seria nada tranquila.
— Para onde você vai Ricardo?
— Vou para Tóquio, e você?
— Não é mesmo coincidência? Também estou indo para Tóquio!
Ele disse alegre. Muito mais desanimado, fechei o livro: seria inútil tentar ler com o garoto me importunando a viagem inteira. Mas meu livro não passou despercebido aos olhos espertos do garoto loiro e de olhos claros:
— O que você está lendo?
Virei o livro para mostrar-lhe o titulo.
— “O Homem Que Calculava”? Minha mãe já leu esse livro, ela disse que achou sem graça.
— Mesmo? Não acho que Malba Tahan seja sem graça...
O garoto deu de ombros:
— Ela disse que “Tanta coisa pra escrever e o homem escreve logo sobre matemática?”
— Então porque ela o leu?
— Parece que era um trabalho da faculdade... Mas ela não leu o livro inteiro não, apenas leu uma parte e pegou o resumo geral na internet.
— E seu pai?
O garoto fez uma cara triste ao ouvir falar do pai
— Não sei quem é meu pai, ele deixou minha mãe grávida e sumiu no mundo...
Por um momento fiquei com pena do garoto e tratei de mudar de assunto:
— E por que estão indo pro Japão?
— Minha mãe faz parte de uma ONG para ajudar as pessoas vítimas do terremoto seguido de tsunami que teve lá. Ela foi enviada para ver a situação...
— Entendo.
— E você?
— Vou a negócios da minha empresa e...
Fui interrompido pelo aviso do piloto:
“Senhores passageiros, por favor, apertem os cintos, pois estamos próximos a levantar vôo.”Ajudei Matheus à por o cinto e em seguida coloquei o meu.
O avião correu pela pista e logo estávamos voando...
Continua


Bem esperto o Sr. Matheus hein!
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